O adágio popular é claro, “quem não arrisca, não petisca”, e traduz a forma como são as coisas: quem não assume qualquer risco, não pode esperar qualquer retorno, muito menos retornos acima da média.
Se isto me parece indiscutível, pode já haver mais dúvidas sobre aquilo que deve ser a postura de um investidor, seja “mero” investidor financeiro, seja um empreendedor: maximizar o retorno potencial, assumindo riscos superiores ou, antes de mais, garantir que não perde, gerindo assim o seu risco?
Perfis diferentes de risco levarão a posturas diferentes, naturalmente. Todavia, e apesar de isto ser verdade, penso que um qualquer investidor que tenha uma visão de longo prazo, privilegiará sempre a gestão do risco, assegurando que, antes de ganhar, não perde. Está claro que, idealmente, se deve fazer uma gestão de risco tal que, minimizando as perdas, potencie de forma assimétrica os ganhos contudo, insisto, mais do que maximizar ganhos extraordinários, a primeira preocupação de um investidor deverá ser a de minimizar o risco de perdas.
Resolvi partilhar estas considerações depois de ver um vídeo em que caçadores Masai roubam carne a um grupo de leões. E tudo isto sem qualquer confronto, fazendo uso de uma atitude decidida e de uma execução rápida e sem falhas.
Por que razão se afastam os leões? Por instinto de sobrevivência, minimizando as perdas potenciais, a vida, ainda que à custa da recompensa da sua caçada, o alimento.
Poderá pensar-se que os Masai optam por uma estratégia completamente oposta, maximizando o risco. Não é verdade. E não é verdade, desde logo porque se trata de uma prática ancestral e que cada um daqueles homens seguramente já levou a cabo várias vezes. Eles sabem, com suficiente probabilidade, qual será a reacção dos leões à sua aproximação, e saberão também qual o tempo que têm até os leões se aperceberem que o perigo afinal não existe e que podem facilmente reclamar o seu alimento.
É bem provável que este conhecimento se tenha acumulado à custa de algumas vidas Masai mas, já diz o povo, “quem não arrisca, não petisca”!