Sou um praticante júnior (bastante júnior) de Krav Maga, arte marcial israelita. Tem componentes
de boxe, ju-jitsu, wrestling, etc. Há combate em pé e no chão. Há combate de mãos nuas e contra
arma branca. Inclui também movimentos de defesa contra arma de fogo. E por aí fora.
Sou um tipo que nunca fez exercício de forma dedicada ao longo da vida e, menos, artes marciais
ou desportos de combate.
Hoje, faço algum esforço para aprender. Às vezes é frustrante. Por várias razões – e nem vou
considerar as de natureza física. Primeiro, porque adquirir proficiência no gesto técnico é difícil.
Segundo, porque é difícil recordar aquilo que se aprende num treino, no treino seguinte. Terceiro,
porque o automatismo, quando o contexto se altera um pouco, tarda em aparecer.
Olho para os colegas de nível mais avançado não sem inveja. Que bom seria se, com o (não)
esforço de um clique, garantisse o download de todo aquele conhecimento de forma imediata!
Claro que há dois aspectos que me afastam muito dos colegas mais avançados. O primeiro é que,
na maioria dos casos, iniciaram este treino numa idade bem inferior àquela em que eu
comecei. O segundo, mais importante, é que já repetiram aqueles gestos milhares de vezes mais
do que eu. Começar mais cedo ajuda, está claro, desde logo porque permite ter-se mais tempo
para repetir mais vezes.
A proficiência numa qualquer actividade terá certamente uma componente de predisposição
individual – por mais que treinasse, nunca seria um Messi – contudo, porventura com excepção
dos verdadeiros outliers, a proficiência vem apenas da repetição. Afincada, dedicada, sistemática.
E, naturalmente, corrigindo os erros. Dia após dia. Repetição após repetição.
Se isto se aplica em qualquer actividade desportiva, também se aplica na gestão. Quanto mais
vezes conduzo reuniões e melhor as quero conduzir, tendo a melhorar neste aspecto. O mesmo
para análises financeiras, campanhas de marketing, conversas difíceis com colaboradores,
negociação com fornecedores, e por aí fora.
Uns com mais facilidade do que outros, todos aprendemos. Agora, será que todos temos a
mesma fome de aprender? A mesma determinação para repetir? E se, em cada uma das coisas
que fazemos, tivéssemos a determinação e dedicação de um Cristiano Ronaldo? Ou a paixão que
o Ayrton Senna tinha?
É hora de descansar. Ainda estou a recuperar do treino de Krav Maga de ontem. E ainda por cima
foi combate no solo. E, mais uma vez, ficou dolorosamente claro que tenho que treinar
muitas mais vezes. Milhares de vezes!
Não há”UMA”idade para começar a praticar uma arte marcial, sim uma vontade de aprender a conhecer melhor o nosso corpo e a superar os nossos limites, que muitas vezes são mais mentais que físicos. Continua… um abraço